
por German Lopez e Ashley Wu
Discutir os gastos federais nos EUA é complexo, pois os valores são gigantescos. O orçamento federal ultrapassa US$ 7 trilhões, e cortes podem parecer enormes, mas representam frações pequenas do total. O governo de Trump busca reduzi-los, mas os efeitos reais ainda estão em debate.
Recentemente, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) anunciou a demissão de 10.000 funcionários da Saúde. Mesmo com isso, os gastos de 2025 continuam maiores que os de 2024. O Hamilton Project revelou que o governo segue gastando mais do que arrecada.
Desde os anos 2000, os EUA operam com déficit, aumentando a dívida a níveis pré-Segunda Guerra. Com o crescimento das taxas de juros, os pagamentos da dívida superam gastos militares e com o Medicare. Economistas alertam que esse cenário pode comprometer o futuro financeiro do país.
Historicamente, o endividamento foi relativizado devido às baixas taxas de juros. No entanto, com a inflação em alta, o custo da dívida aumentou significativamente. O dilema fiscal atual se agrava pela resistência dos políticos em cortar gastos ou aumentar impostos.
Trump rejeitou cortes na Previdência Social, no Medicare e na Defesa, que somam 70% do orçamento. Os 30% restantes incluem educação, assistência social e pesquisa. Para equilibrar o orçamento sem afetar essas áreas, seriam necessárias mudanças radicais.
O DOGE sustenta que pode reduzir o déficit combatendo fraudes e desperdícios. A auditoria mostrou que pagamentos impróprios totalizaram US$ 149 bilhões no último ano fiscal. Mesmo eliminando esses valores, o impacto no déficit seria pequeno.
Outra estratégia é cortar a força de trabalho federal, mas o impacto também é limitado. Mesmo com a demissão de todos os servidores civis, a redução do déficit não ultrapassaria 14%. Essas medidas, portanto, são insuficientes para resolver o problema estrutural das contas públicas.
A administração Biden propôs aumentar o quadro do Internal Revenue Service para combater a sonegação fiscal. O plano poderia gerar US$ 2,5 para cada dólar investido. No entanto, Trump rejeitou essa ideia, comprometendo a arrecadação futura.
O DOGE afirma ter reduzido US$ 130 bilhões em gastos, mas auditorias apontam inconsistências. A agência revisou suas estimativas múltiplas vezes, reconhecendo erros em cálculos anteriores. Isso levanta dúvidas sobre a eficácia real das medidas adotadas.
O impasse fiscal se resume à falta de consenso entre democratas e republicanos. Nenhum dos lados quer cortar programas populares ou aumentar impostos. Enquanto essa situação persistir, o déficit continuará crescendo, agravando o problema financeiro do país.
Os gastos federais continuarão sendo um dos temas mais polêmicos da política americana. Reduzir o déficit sem afetar programas essenciais exige medidas ousadas e politicamente difíceis. Sem decisões estruturais, a tendência é que a dívida siga aumentando.
A solução pode estar em um equilíbrio entre cortes de gastos e aumento de receita. Reformas fiscais, controle de desperdícios e crescimento econômico são elementos chave. O futuro fiscal dos EUA depende dessas escolhas nos próximos anos.