Por Myroslava Tanska-Vikulova e Tim Mak
Segunda-feira, 9h15, hora do rush no metrô de Kiev. Uma multidão se acotovela entre corpos apressados e olhares distantes. Ninguém está sorrindo, e essa seriedade chama atenção de quem vem de fora.
Mesmo antes da guerra, os ucranianos eram conhecidos por não sorrirem no dia a dia, especialmente se comparados aos americanos. Dados da Gallup de 2023 mostraram a Ucrânia entre os países que menos sorriem.
O país ficou em sétimo lugar entre os menos prováveis a responder “sim” para a pergunta “Você sorriu ontem?”. Países como Sérvia, Líbano e Afeganistão compartilham dessa mesma tendência.
Antes da invasão russa, a Ucrânia já apresentava baixos índices em pesquisas de felicidade. Isso indica que o fenômeno vai além das dificuldades recentes, sendo uma característica enraizada.
Fatores históricos e culturais ajudam a explicar essa ausência de sorrisos. O passado do país é marcado pela desconfiança da abertura excessiva, valorizando expressões faciais sérias.
O chamado “rosto eslavo em repouso” é comum entre europeus orientais. Essa expressão neutra é muitas vezes interpretada como tristeza, quando na verdade é apenas a face natural dessas pessoas.
Compreender o sorriso ucraniano – ou a falta dele – é entender a resiliência de uma nação. Essa expressão contida reflete maturidade, força e uma cultura rica em significados.