Por Patricia Cohen
O presidente Donald Trump enfrenta um dilema complexo quando se trata do valor do dólar: ele busca um dólar forte, que reforce a posição do país no comércio global, ao mesmo tempo em que deseja um dólar mais fraco, para tornar os produtos americanos mais competitivos no mercado internacional. Essa abordagem dual tem profundas implicações para a economia dos Estados Unidos e o comércio global.
Um dólar forte pode tornar as exportações americanas mais caras, prejudicando a competitividade dos produtos dos EUA no exterior. No entanto, quando o dólar se valoriza, os americanos tendem a importar mais produtos, como no exemplo da tequila mexicana, cujo preço diminui com o fortalecimento da moeda. Contudo, as tarifas impostas por Trump sobre produtos importados podem, de forma inesperada, resultar no fortalecimento do dólar, ao aumentar sua atratividade para investidores.
A estratégia de Trump de enfraquecer o dólar por meio de tarifas pode ser um movimento arriscado. O presidente acredita que isso incentivaria os consumidores americanos a adquirir mais produtos fabricados nos Estados Unidos, mas as tarifas podem causar efeitos colaterais, como o aumento do valor da moeda, devido à maior demanda por dólares no mercado financeiro.
Além de seu impacto no comércio, o dólar goza de um status único como moeda de reserva mundial, o que confere ao governo dos EUA vantagens consideráveis. A alta demanda pela moeda permite ao governo emitir dívida a custos mais baixos e fortalece sua influência global, como demonstrado pelas sanções econômicas aplicadas à Rússia, que dificultaram suas transações internacionais.
Embora Trump busque manipular o valor do dólar para atender aos seus objetivos econômicos, especialistas alertam que suas ações podem ter efeitos imprevistos, impactando a estabilidade da moeda e o equilíbrio da economia global.
Patricia Cohen é correspondente de economia global do The New York Times.