Cuba inicia libertação de prisioneiros após acordo histórico com Biden

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Em troca de ser retirado da lista de terrorismo dos EUA, Cuba prometeu libertar 553 pessoas. Vista do Capitólio, em Havana — Foto: Nigel Pacquette

Cuba começou a libertar prisioneiros nesta quinta-feira (16), com 127 detentos sendo soltos, incluindo o líder da oposição José Daniel Ferrer. Essa decisão seguiu o acordo histórico com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que retirou o país da lista de patrocinadores do terrorismo. A medida é vista como um passo significativo para a normalização das relações entre Cuba e os EUA.

Em troca da retirada da lista, Cuba prometeu libertar 553 prisioneiros, muitos dos quais são considerados prisioneiros políticos. O anúncio gerou reações emocionadas, especialmente pela liberdade de José Daniel Ferrer, que havia cumprido mais de três anos de prisão. A liberação foi celebrada como um triunfo da luta pela liberdade de expressão e direitos humanos.

O acordo é interpretado por muitos como uma tentativa de Biden de consolidar seu legado antes da posse de Donald Trump, que assumirá a presidência na segunda-feira (20). A medida pode abrir caminho para um aumento do fluxo de investimentos dos EUA na empobrecida Cuba, que está sob embargo desde a década de 1960.

José Daniel Ferrer, após ser libertado, exortou os cubanos a não temerem o governo. Ele chamou atenção para a fragilidade do regime cubano e criticou a repressão que continua a ser praticada contra os opositores. Sua declaração reflete a persistente tensão política na ilha e o anseio por reformas.

Embora a liberação de prisioneiros seja uma vitória para muitos, o governo cubano ainda enfrenta críticas internas e externas. O movimento de libertação, segundo analistas, pode ser uma estratégia para garantir que o próximo governo dos EUA, sob Trump, cumpra o acordo. No entanto, esse jogo político é considerado arriscado, dado o histórico de incertezas nas relações bilaterais.

A onda de libertações de prisioneiros, entretanto, trouxe também angústia às famílias que aguardam notícias de seus entes queridos. A falta de uma lista oficial e um cronograma claro gerou incertezas, especialmente em relação ao futuro dos prisioneiros ainda em detenção.

O caso de Ferrer é emblemático. Ele foi condenado em 2003, como parte da repressão conhecida como “Primavera Negra”, e desde então se tornou um símbolo da resistência política. Sua libertação é um marco na luta por direitos civis e uma vitória para os movimentos de oposição em Cuba.

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