Por Ruth Maclean
Rebeldes apoiados por Ruanda estão tomando grandes áreas da República Democrática do Congo. O avanço tem sido rápido e surpreendente. Em um mês, conseguiram derrotar várias vezes o exército congolese mal equipado, forçando mais de meio milhão de pessoas a fugir. Na segunda-feira, capturaram Goma, uma das principais cidades congolesas na fronteira com Ruanda.
Os rebeldes, conhecidos como M23, afirmam que estão protegendo os tutsis étnicos, que foram massacrados no genocídio de 1994, e que ainda vivem no Congo. No entanto, especialistas apontam que o real motivo é o acesso aos minerais raros do Congo, como cobre e cobalto, essenciais para a produção de dispositivos eletrônicos, que geram grandes lucros para os rebeldes e seus aliados ruandeses.
A região dos Grandes Lagos, onde o Congo está localizado, foi o epicentro de uma guerra regional no final do século 20, que durou cinco anos e matou milhões. Agora, os conflitos podem se estender para além do leste do Congo. Alguns líderes africanos tentaram mediar a situação, mas o presidente da República Democrática do Congo se ausentou das negociações.
O apoio internacional a Ruanda tem sido um tema de discussões, com países como os EUA e a França condenando seu envolvimento com o M23. No entanto, as ameaças de sanções de 2013 não impediram Ruanda de continuar com seu apoio aos rebeldes. Atualmente, as grandes potências estão incertas sobre como agir.
A situação é ainda mais complicada, pois a Ruanda, dependente de ajuda externa, tem se mostrado útil para os países ocidentais, oferecendo forças de paz da ONU e apoio em outras regiões africanas. Com a suspensão da ajuda externa pelo governo Trump, os EUA têm menos influência sobre o presidente ruandês, o que pode dar a Ruanda uma “licença” para agir sem grandes consequências.