Por David Leonhardt
Os presidentes de um mandato frequentemente têm legados limitados, mas Joe Biden busca quebrar esse padrão. Apesar de críticas e desafios, ele introduziu uma abordagem econômica mais intervencionista, marcando um desvio do neoliberalismo que dominou o último meio século. Essa visão inclui tarifas contra a China, estímulo à indústria nacional e regulação de preços de medicamentos.
Essa filosofia, ainda sem nome definido, representa uma tentativa de enfrentar falhas do modelo econômico anterior. Durante décadas, promessas de prosperidade e liberdade foram frustradas, com crescimento lento da renda familiar e declínio de indicadores como saúde e expectativa de vida. Biden busca resgatar a confiança pública por meio de políticas mais agressivas e populistas.
O legado de Biden, contudo, é incerto. Enquanto Donald Trump promete reverter aspectos fundamentais de sua agenda, o ex-presidente também se afastou do neoliberalismo em questões como comércio e proteção social. Essa convergência pode indicar que a era do laissez-faire está perdendo espaço em ambos os partidos.
As políticas de Biden, mais populares que o próprio presidente, refletem a insatisfação dos americanos com o status quo econômico. Pesquisas mostram apoio majoritário a ações governamentais para combater o poder corporativo e regular o comércio. No entanto, desafios práticos, como o impacto dos investimentos em tecnologia, permanecem uma incógnita.
As divergências entre democratas moderados e progressistas, concentradas em outras áreas, reforçam a unidade do partido em torno da agenda econômica. Esse consenso interno pode ser crucial para a consolidação de uma nova era econômica, embora o futuro dependa de resultados concretos nos próximos anos.
A presidência de Biden pode ser vista como parte de um ponto de inflexão na política americana. Seu discurso de despedida no Salão Oval destacará as mudanças propostas, mas a história determinará se ele foi o precursor de uma transformação duradoura ou apenas uma pausa em velhas práticas.