Na audiência pública promovida nessa quinta-feira (28) pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, representantes de movimentos sociais protestaram contra as dificuldades enfrentadas por mulheres, negros e pessoas LGBT na política brasileira. A reunião, conduzida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), destacou a discriminação dentro da estrutura partidária e a sub-representação desses grupos em espaços de poder, além do acesso desigual aos recursos do Fundo Eleitoral.
Luana Santos de Oliveira, candidata a vereadora em Balneário Camboriú (SC), apontou que o processo eleitoral é uma “máquina de moer sonhos”, destacando que mulheres negras enfrentam maior assédio do poder econômico e muitas vezes não recebem recursos do partido para suas campanhas. A desigualdade na distribuição dos recursos foi um dos principais temas do debate, com várias participantes cobrando uma revisão nas regras eleitorais.
Juliana Araujo, da organização Vote LGBT, falou sobre o avanço das candidaturas LGBTQIA+, mas ressaltou que muitos candidatos ainda evitam divulgar sua identidade por medo de violência e viabilidade eleitoral. Ela também criticou o subfinanciamento de campanhas, o qual classificou como uma forma de violência política contra minorias.
Pérola Sampaio, do Movimento Pretistas, propôs a adoção do voto em lista partidária com alternância de gênero e raça, além do reforço dos recursos do Fundo Partidário para apoiar candidaturas de mulheres e negros. A ideia foi endossada por Munah Malek, da A Tenda das Candidatas, que também criticou o sistema racista e machista dos partidos, que destinam recursos de forma desigual.
Richelle Costa, do Mulheres Negras Decidem, concluiu ressaltando a falta de condições igualitárias, como segurança e financiamento, para candidatas negras. Apesar do aumento nas candidaturas, ela destacou a desproporção na elegibilidade e a contínua exclusão das mulheres negras do processo político. O debate deixou claro que, apesar de avanços, a luta por inclusão e igualdade nas eleições brasileiras continua.