A ilusão da ordem nas organizações: como lidar com a complexidade

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Consideremos o quão difícil é para um único ser humano manter hábitos racionais. Mesmo com autonomia total, apoio social e um ambiente ideal, seguir o que é certo pode ser um grande desafio. Se isso ocorre individualmente, imagine em um contexto organizacional.

Agora, adicionemos mais pessoas com diferentes motivações, crenças e níveis de comprometimento. Organizações não são equipes esportivas ou unidades militares com regras claras. Mesmo nesses casos, há conflitos internos e interesses individuais que afetam o desempenho coletivo.

Em startups lutando pela sobrevivência, a urgência pode unir pessoas temporariamente. Porém, em organizações mais estabelecidas, divergências sempre surgirão. Algumas empresas conseguem alinhar interesses melhor do que outras, mas isso sempre envolve mediação e persuasão.

Por muito tempo, acreditei que bastava definir processos e estratégias claras. Se todos estivessem na mesma página, se houvesse um compromisso comum, tudo funcionaria. Mas a realidade organizacional é muito mais complexa e imprevisível do que essa visão simplificada.

Compreendi que minha busca por coerência era um desejo pessoal, não uma verdade universal. Sistemas humanos não operam de forma linear, especialmente em grupos com hierarquias e diferenças de poder significativas. A ilusão da ordem absoluta precisa ser superada.

Ao aceitar essa realidade, um novo horizonte se abre. Não se trata de encontrar as pessoas ideais, mas de compreender o comportamento humano. Abandonar a expectativa de racionalidade absoluta permite agir com mais realismo e efetividade.

Dado esse cenário caótico, podemos pensar em restrições e incentivos adequados. Não há garantias exatas, mas é possível testar abordagens que maximizem os benefícios e minimizem os riscos. A chave está na adaptação e no aprendizado contínuo.

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