Duas leis israelenses que proíbem a atuação da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa) em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental entraram em vigor nesta quinta-feira (30). Equipes internacionais da agência foram evacuadas para a Jordânia, enquanto representantes alertam para o impacto profundo nas operações humanitárias, serviços de saúde e educação.
A legislação, aprovada pelo Parlamento israelense (Knesset), impede a Unrwa de atuar nos territórios mencionados e corta seu contato com autoridades locais. A chefe de Comunicações da agência, Juliette Touma, afirmou que não houve comunicação oficial sobre como as leis serão implementadas, mas destacou que as equipes continuarão prestando assistência onde possível.
A proibição já causou efeitos imediatos, como a expiração antecipada dos vistos da equipe internacional, forçando sua evacuação para Amã, na Jordânia. Jonathan Fowler, porta-voz da Unrwa, descreveu a medida como um “despejo” e alertou para os riscos enfrentados pela equipe local, incluindo protestos violentos e ataques.
A Unrwa, considerada essencial para a assistência humanitária em Gaza, forneceu alimentos e cobertores para um milhão de pessoas durante o cessar-fogo de janeiro. Fowler destacou que nenhuma outra agência tem a escala e a profundidade necessárias para substituir seus serviços, especialmente em saúde e educação.
Apoiadores da Unrwa e Estados-membros da ONU pressionam Israel para reverter a decisão, temendo um precedente perigoso para o multilateralismo. Fowler alertou que a medida pode se tornar um “novo normal”, minando o trabalho de outras agências da ONU no mundo.
Com a proibição, Israel assume a responsabilidade pelos serviços públicos nos territórios ocupados, incluindo um custo anual estimado em US$ 1 bilhão. Enquanto isso, a Unrwa continua suas operações na Jordânia, Líbano e Síria, áreas não afetadas pela legislação israelense.