Por Steven Lee Myers
A Meta, proprietária do Facebook, Instagram e Threads, anunciou ontem uma grande mudança em sua política de moderação de conteúdo. A empresa decidiu suspender a verificação de fatos independente em suas plataformas, deixando de policiar as postagens de seus usuários. A medida marca um retrocesso na luta contra a desinformação online, que continua a ser um desafio crescente.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, justificou a decisão como uma forma de evitar a remoção errônea de postagens. Porém, ele reconheceu que essa mudança permitirá que mais “informações prejudiciais” circulem nas redes. A plataforma agora se concentra em remover conteúdos ilegais, discursos de ódio e pornografia, mas sem se envolver profundamente em questões políticas ou científicas.
Os críticos, no entanto, apontam que a medida vai intensificar a proliferação de desinformação, especialmente no cenário político. As plataformas de mídia social estão cada vez mais se tornando espaços onde a verdade é questionada e distorcida, com impactos diretos na vida cívica e política dos países.
Em um movimento que visa agradar ao Partido Republicano, Zuckerberg anunciou mudanças na equipe da Meta, incluindo a transferência de algumas operações para o Texas, buscando afastar a alegação de viés político. A nomeação de Dana White, uma aliada de Trump, para o conselho da Meta também gerou controvérsias, levantando questionamentos sobre a imparcialidade das decisões da empresa.
Enquanto isso, outras plataformas, como o Twitter, agora sob o comando de Elon Musk, também têm adotado políticas mais flexíveis em relação à moderação de conteúdo. Musk, que comprou o Twitter com a promessa de promover a liberdade de expressão irrestrita, tem permitido o retorno de usuários banidos e agora utiliza “notas da comunidade” para indicar conteúdos contestados.
Pesquisadores apontam que esse modelo de “crowdsourcing” pode ser eficaz em alguns casos, mas ainda é suscetível à manipulação. O grande risco, segundo eles, é que mentiras virais se espalhem antes que as correções possam ser feitas, causando danos irreversíveis.
O futuro das redes sociais pode estar em uma encruzilhada, onde a busca pela verdade e a promoção de conteúdos falsos convivem em uma plataforma cada vez mais politizada. A promessa de novas redes, como a Bluesky, pode ser um reflexo do desejo de muitos usuários por um espaço mais confiável e menos polarizado.