Lições do Sul para hoje e sempre

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Por Silvio Carvalho

A tragédia anunciada no Sul do Brasil trouxe perdas incalculáveis, com inundações que devastaram lavouras e causaram prejuízos de bilhões. As mortes humanas e de animais geraram um sofrimento coletivo que marcou profundamente o país.

O espírito resiliente dos gaúchos destacou-se na adversidade. Apesar das perdas materiais, prevaleceu a frase “Vamos recomeçar”, refletindo o perfil batalhador de imigrantes italianos, alemães e poloneses que ajudaram a moldar a região.

No entanto, o contraste com outras regiões é notável. Em São Paulo, situações de enchentes costumam ser acompanhadas de indignação e cobranças às autoridades, evidenciando um senso diferente de enfrentamento dos problemas.

No Alto Tietê, a tragédia do Sul serve de alerta. O aterro na várzea do Rio Tietê, entre Suzano e Itaquaquecetuba, reduz a área de dissipação das águas, aumentando o risco de enchentes catastróficas. A busca por desenvolvimento pode trazer um custo ambiental elevado.

Exemplos de intervenções ambientais mal planejadas estão por toda parte, como em Porto Alegre e Balneário Camboriú, onde alterações nos ecossistemas priorizaram a urbanização, desrespeitando as leis da natureza.

Construções luxuosas entre morros e mares, como na estrada Rio-Santos, desafiam as forças naturais, demonstrando a fragilidade de decisões que ignoram a possibilidade de desastres provocados por chuvas intensas.

Os indígenas, com sua relação respeitosa com a natureza, oferecem uma lição valiosa. Ao construir palafitas e respeitar o curso dos rios, eles demonstram como habitar sem provocar desequilíbrios ambientais.

A tragédia no Sul deve ser um ponto de reflexão. É fundamental respeitar o espaço das águas e entender que intervenções no meio ambiente trazem consequências irreparáveis. Que aprendamos a lição antes que seja tarde demais.

Silvio Carvalho é Jornalista e Membro do Movimento de Defesa da APA do Rio Tietê